O
autismo, é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por déficits na interação e comunicação social, impactando a forma como uma pessoa se comunica e se relaciona com os outros e padrões restritos e repetitivos de comportamento. Ele também pode afetar o modo como uma pessoa processa as informações sensoriais, como ouvir, ver e tocar.
O autismo é um espectro, que é conhecido atualmente como Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que significa que há uma variedade de sintomas e níveis de prejuízos dentro desse espectro. Algumas pessoas com autismo têm dificuldades moderadas para se comunicar e interagir socialmente, enquanto outras
têm sintomas mais severos e precisam de mais apoio para se comunicar ou realizar atividades diárias.
Qual a diferença entre TEA e autismo
O autismo se estende ao longo de um espectro. Já existiram diferentes nomenclaturas para o que hoje é conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dentro do espectro autista as características centrais se manifestam de formas diversas e possuem variação na severidade dos sintomas.
Em resumo, o TEA engloba hoje em um espectro o que no passado se chamou de Transtorno Autista e
Síndrome de Asperger, e o nome autista é uma forma de se referir a quem está dentro desse espectro.
Como diagnosticar autismo
Para saber se você é autista, o primeiro passo é procurar um profissional de saúde mental qualificado, como um psiquiatra ou psicólogo. Eles irão realizar uma avaliação completa, incluindo entrevistas, observações do comportamento, e a aplicação de testes e escalas, se for necessário, uma vez que o diagnóstico é clínico.
Eles também podem solicitar entrevistas com outras pessoas do convívio e entrevistas com profissionais de saúde que façam o acompanhamento do indivíduo para o fornecimento de informações adicionais.
Em geral, o processo de diagnóstico do autismo pode ser um pouco demorado e requer a colaboração de vários profissionais.
É importante lembrar que o autismo está dentro de um espectro, o que significa que os sintomas podem variar amplamente de pessoa para pessoa. Portanto, é importante trabalhar com um profissional qualificado que possa fornecer um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.
Como saber se tenho autismo
Para saber se você tem autismo, é importante procurar um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra, que pode realizar uma avaliação e determinar se você apresenta os sintomas do transtorno do espectro autista (TEA).
Alguns sintomas comuns de autismo incluem dificuldades de comunicação e interação social, comportamentos repetitivos, estereotipias, e interesses restritos.
É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única e os sintomas podem variar em intensidade e severidade.
Principais características do TEA em adultos
- Dificuldade na comunicação verbal ou não verbal.
- Desconforto ou ausência do contato visual.
- Dificuldade em reconhecer expressões faciais, e por isso ter dificuldade em perceber se o outro está sentindo algo.
- Dificuldade em compreender as emoções e dizer o que está sentindo.
- Dificuldade em iniciar e manter uma conversa.
- Dificuldade em desenvolver e manter relações.
- Pouco interesse por pares.
- Dificuldade em falar ao telefone.
- Cansaço extremo após interações sociais.
- Dificuldade em entender que as pessoas possuem pensamentos e sentimentos que são distintos dos seus próprios.
- Ausência de filtro social.
- Ensaiar mentalmente diálogos para se preparar para uma socialização.
- Interesses restritos em alguns temas tendendo a gostar de falar mais sobre determinado assunto, podendo ter dificuldades em saber se os pares estão interessados ou não naquela conversa. Os interesses podem ser incomuns ou não.
- Hiperfoco: Pensar, pesquisar e falar muito sobre temas de seu interesse, podendo passar horas concentrado em uma mesma atividade e até se esquecer de comer ou perceber que as horas passaram.
- Dificuldade em entender ironias, piadas e sarcasmo.
- Pode ser ingênuo e não perceber que está sendo passado para trás, e pode não entender a malícia por trás da fala e comportamento de outras pessoas.
- Literalidade.
- Pode não gostar de abraço.
- Pode sentir dor ao receber carinho.
- Ausência de expressões faciais.
- Apego à rotina e muita dificuldade em flexibilizá-la.
- Dificuldades com mudanças, o que gera bastante sofrimento.
- Dificuldades em lidar com imprevistos.
- Dificuldades em ir a locais que nunca foi.
- Dificuldade em trocar de tarefas ou dificuldade de voltar para a mesma tarefa caso seja interrompido.
- Dificuldades sensoriais como por exemplo: tolerar certos sons, cheiros e texturas.
- Busca por experiências sensoriais como por exemplo morder objetos ou tocar em objetos de texturas específicas.
- Sobrecarga após experiências sensoriais.
- Seletividade alimentar podendo recusar alimentos devido a texturas, cor, cheiro e gosto ou gostar de comer sempre a mesma comida.
- Insistência nas mesmas coisas como: gostar de comer sempre a mesma comida, ouvir a mesma música e ver o mesmo filme repetidamente.
- Necessidade de passar sempre pelo mesmo caminho.
- Comportamentos repetitivos que podem ser motores ou de fala como: agitar as mãos, esfregar os dedos, balançar as pernas, girar objetos, movimento pendular do corpo, alinhar e catalogar objetos, repetir palavras que foram ditas por alguém, fala roteirizada e repetir falas de filmes em qualquer lugar ou momento.
Por ser um transtorno do neurodesenvolvimento, os sintomas precisam estar presentes desde a infância, podendo na vida adulta não serem totalmente manifestos, sendo então mascarados por estratégias aprendidas ao longo do tempo, o que acaba dificultando o diagnóstico tardio, porém continuam causando prejuízos significativos na vida do indivíduo.
Lembrando que para ter um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, se faz necessário ter déficits persistentes na comunicação social e na interação social em vários contextos, e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Entenda os diferentes níveis de suporte no transtorno do espectro autista
O autismo é uma condição do espectro autista (TEA), o que significa que existem diferentes níveis de suporte dentro do espectro.
Algumas pessoas com autismo têm dificuldades significativas em várias áreas da vida, enquanto outras podem experienciar menor severidade dos sintomas, o que não significa que elas não tenham prejuízos em seu cotidiano, pois o prejuízo existe e é ele que vai determinar o nível de suporte que o autista vai precisar.
Existem três níveis de suporte no autismo, que são:
- Nível 01 de suporte (Necessita de suporte) : As pessoas com autismo nível 01 de suporte, possuem dificuldades em iniciar interações sociais; interesse reduzido por interações sociais e dificuldade na conversação e em fazer amigos. O comportamento interfere de forma significativa, assim como a dificuldade para trocar de atividades e problemas com organização e planejamentos. Sem o suporte os prejuízos são notáveis.
- Nível 02 de suporte (Necessita de suporte substancial): As pessoas com autismo nível 02 de suporte, possuem déficits na comunicação verbal e não verbal e os prejuízos são aparentes mesmo com o suporte. Possuem limitação na iniciação de interações sociais e respostas atípicas ou reduzidas a aberturas sociais. As dificuldades comportamentais são notáveis e interferem no funcionamento em variados contextos.
- Nível 03 de suporte (Necessita de suporte muito substancial): As pessoas com autismo nível 03 de suporte possuem interações sociais limitadas e uma resposta mínima a aberturas sociais. O comportamento interfere de forma acentuada em todas as esferas.
É importante lembrar que cada pessoa com autismo é única e pode ter uma combinação única de sintomas e níveis de gravidade. O tratamento e o apoio podem variar amplamente dependendo da necessidade de cada indivíduo.
O que pode ser confundido com autismo
Algumas condições que podem ser confundidas com autismo são:
- Transtorno de ansiedade social: é uma condição em que as pessoas têm medo e ansiedade em situações sociais em que possa se sentir constrangido, humilhado ou julgado, o que pode ser confundido com dificuldades de interação social presentes no autismo.
- Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): é uma condição que se caracteriza por dificuldade em manter a atenção, impulsividade e hiperatividade, que podem ser confundidas com comportamentos típicos do autismo.
- Síndrome de Rett: é uma condição em que há uma ruptura da interação social. Pacientes com síndrome de Rett possuem o desenvolvimento típico de sua faixa etária e a partir de 1 a 2 anos de idade começam a perder essas capacidades.
- Esquizofrenia: é uma condição em que, no seu início ocorrem prejuízo social e interesses atípicos o que podem ser confundidos com os déficits sociais encontrados no TEA. A esquizofrenia também é marcada por alucinações e delírios, o que não são características do TEA. Lembrando que o TEA é um transtorno com início na infância e a esquizofrenia é um transtorno que pode aparecer tanto na infância como ao longo da vida do indivíduo.
Como identificar autismo em crianças
Existem alguns sinais e sintomas comuns que podem indicar autismo em crianças, incluindo:
- Dificuldade em se comunicar e interagir socialmente: as crianças autistas podem ter dificuldade em fazer contato visual, dificuldades na comunicação verbal e não verbal e para fazer e reconhecer expressões faciais. Possuem pouco ou nenhum interesse por interação com pares, e podem também não responder ao seu nome ou seguir instruções. Elas podem apresentar desinteresse em brincar com outras crianças, dificuldades em brincar de faz de conta e demonstrar emoções.
- Repetição de comportamentos ou rotinas: crianças autistas podem ter comportamentos repetitivos, como balançar o corpo em movimentos pendulares, chacoalhar as mãos, enfileirar objetos ou apresentar um brincar diferente das crianças típicas como por exemplo girar a roda de um carrinho repetidas vezes. Elas também podem sentir necessidade de manter rotinas ou rituais e podem ter alterações emocionais exacerbadas quando houver alguma mudança na rotina ou quebra de rituais.
- Hiperfocos: crianças autistas podem apresentar interesses específicos, que podem também ser interesses incomuns para a sua idade. Podem colecionar objetos, pensar muito sobre e acumular conhecimento relacionado a esse interesse. Exemplo: Saber muitas informações sobre tartarugas, falar só sobre tartarugas e colecionar fotos e miniaturas de tartarugas.
- Ecolalia: crianças autistas podem repetir frases, sons e palavras imediatamente ao ouvirem, ou até mesmo horas depois. Podem repetir frases de filmes em uma conversa e as frases podem ou não fazer sentido com o contexto de uma conversa.
- Hiperreatividade sensorial (sensibilidade sensorial): crianças autistas podem ter sensibilidade aos estímulos sensoriais, como barulhos, cheiros, luzes e toques. Isso pode levar a comportamentos de evitação ou reações comportamentais a esses estímulos, podendo querer comer alimentos só de uma determinada cor, não conseguir usar roupas com etiquetas ou tapar os ouvidos como reação a determinados sons.
- Hiporreatividade sensorial: por ter uma menor reação aos estímulos sensoriais a criança autista pode buscar por experiências sensoriais, como tocar em tudo que vê a sua volta, levar à boca tudo o que pega, lamber superfícies ou morder objetos.
- Déficits de linguagem: crianças autistas podem ter atraso na fala e dificuldade no desenvolvimento da linguagem.
- Seletividade alimentar: crianças autistas podem gostar de comer sempre as mesmas comidas todos os dias, ou apresentarem dificuldades para se alimentar devido às texturas, cheiros e cores dos alimentos.
- Comportamento agressivo consigo ou com outras pessoas: crianças autistas geralmente apresentam esses comportamentos devido a quebras na sua rotina e rituais, mudanças, frustrações ou sobrecargas sensoriais.
- Não apontar: a criança autista pode não apontar quando quer comunicar algum desejo, e acaba utilizando a mão de terceiros para apontar.
- Andar na ponta dos pés.
Se você suspeita que seu filho pode ter autismo, é importante consultar um profissional de saúde mental ou um especialista em autismo para avaliação e tratamento adequados.
Lembrando que para ter um diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, se faz necessário ter déficits persistentes na comunicação social e na interação social em vários contextos, e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Autismo tem causa?
A causa exata do autismo ainda não é conhecida, mas pesquisas sugerem que pode ser devido a uma combinação de fatores genéticos e ambientais. O tratamento do autismo geralmente inclui terapias comportamentais, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoterapia bem como se necessário o uso de medicamentos para tratar outras condições médicas que podem ser associadas ao TEA como hiperatividade, depressão, ansiedade e irritabilidade, lembrando que atualmente não existem medicamentos para o tratamento dos principais sintomas do TEA.
É importante lembrar que as pessoas com autismo são indivíduos únicos e podem ter um conjunto diferente de sintomas e níveis de gravidade. É importante oferecer apoio e compreensão, bem como tratamento adequado, para que desenvolvam suas potencialidades e tenham mais recursos para lidar com os prejuízos.
Existe tratamento para o autismo?
Sim, existem diversas intervenções disponíveis para o autismo. Alguns exemplos incluem:
- Terapias comportamentais: são tratamentos que visam ajudar as pessoas autistas no desenvolvimento de suas habilidades sociais, comunicativas e de aprendizado, bem como trabalhar aspectos do comportamento e cognição. Exemplos incluem terapia cognitivo-comportamental, terapia comportamental e no caso de crianças a terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada).
- Terapia ocupacional: tratamento que visa reduzir as aversões sensoriais. Autistas podem ter problemas com a tolerância a estímulos sensoriais como o toque,o cheiro, o som ou a luz.
- Fisioterapia: tratamento que visa a melhoria das atividades motoras. Autistas podem ter dificuldades na coordenação motora fina e podem não ser muito coordenadas e vistas como desastradas e desajeitadas.
- Fonoterapia: o tratamento com um fonoaudiólogo visa o desenvolvimento de habilidades de comunicação verbal e não verbal, e outros desafios relacionados à fala ou desenvolvimento da linguagem falada.
- Médico psiquiatra: autistas podem se beneficiar de medicamentos para para tratar outras condições médicas que podem ser associadas ao TEA como hiperatividade, depressão, ansiedade e irritabilidade.
A intervenção precoce pode ajudar a melhorar as habilidades de uma criança com autismo desde cedo, e ajudar a desenvolver melhor as suas potencialidades, o que pode levar a resultados positivos ao longo do seu desenvolvimento.
É importante lembrar que o tratamento do autismo é um processo contínuo e pode incluir uma combinação desses tratamentos. É importante trabalhar com um profissional de saúde qualificado para encontrar o tratamento mais adequado para cada indivíduo.